terça-feira, novembro 24, 2009

É pra já

Que lentidão é esta? Hoje tem festa!
Tira esse friso da testa. Arruma o cabelo. Coloca batom.
Pega na mão dele.
Não deste! Daquele!
Agora te enrosca rápido, não pensa. Só sente.
Sente calor? Sente frio? Arrepio?
Teu rosto mudou, tua testa não tem mais rugas.
Cadê o batom que tava na tua boca?
Foi ele. O cara era o certo. Calor. Riso. Amor.

terça-feira, novembro 17, 2009

De tombo e apagão

Semana cheia. Cheia de sensações que está tudo errado, perdido, coisas a fazer, rápido! Rápido! Sinto que não dou conta do meu trabalho, da maternidade, do sexo, da ginástica, do amor, do sono. Algo está errado comigo. A preocupação é minha fiel companheira nos últimos dias. Só não descobri o porquê. Pareço um caminhão descendo lomba na banguela. Não tem freio que me pare.

Corro, vou atender mais um cliente, pois não posso parar. Ooopss! Tummm, pof! Estatelada no chão não consigo respirar. Dói. Recupero a respiração. Sem querer, na queda, atendi ao telefone e do outro lado meu cliente espera um Alô. Alô porra nenhuma! Caí, me machuquei, e não quero falar com ninguém.

Deitada na cama vem uma historinha na minha cabeça. A vida é muito frágil. E assim mesmo achamos que somos donos dela, que mandamos nela, que decidimos as coisas o tempo todo. Não é assim. Numa queda, bato a cabeça, quebro o pescoço e morro. E daí? Fui eu que decidi isso? Não, não fui eu. Nem você.

Portanto, trato de prestar atenção em mim. Ando rápido? Não ouço ninguém? Posso dobrar a rua à esquerda? Consigo ver o carro que me ultrapassa? E o caminhão que fui? Continua descendo sem freio? Posso dobrar ou não???? Ninguém pode responder isso. Só eu.

É hora de meter o pé no freio. O trânsito parou, pois a sinaleira apagou. Tudo apagou. Obrigado Itaipu.

quarta-feira, outubro 28, 2009

Feita de restos

Do que sou feita, senão de restos
Restos de mim mesma, de minhas histórias
Restos de dias e de noites
De sonhos, vontades, inveja e sujeira
Restos de outros, de amores, de culpa
Restos batidos num liquidificador
E de resto, normalmente, não se espera bom suco
Mas isso é idéia batida
O suco do resto tem gosto de coisa nova, pois é reciclagem
E o que se recicla tem novo significado
Então do que sou feita mesmo?
De tudo que se origina de restos
Sou feita do novo
Prazer!

domingo, outubro 11, 2009

Não sei brincar com bonecas



Nunca soube brincar de boneca. Sempre preferi outras brincadeiras a colocá-las no meio do meu dia. Brincava de ser professora, secretária, de pega-pega, empurrar pneu velho no pátio do colégio, de carrinho ou andar de balanço. Qualquer coisa mais legal do que travar diálogos e encenar com Suzies – pois Barbies não são figuras da minha infância.

Mas agora eu tenho um conflito. Não muito grande, mas significativo. Minha filha me convida para brincar de Barbie. Ela tem sete anos, vinte bonequinhas e um repertório fantástico de encenações com poderosa carga dramática. Material suficiente para gerar muitas horas de brincadeira. Penso que preciso experimentar a viagem e tento entrar no clima. Em instantes, temos o mini-cenário pronto e os papéis definidos: eu sou filha e ela, a mãe. Começo a brincar e minha mente, imediatamente, dispara críticas - “Tu não sabe brincar disso, mesmo!”, “Tu é ruim nesse negócio, hein?!?”, “Ah! Vamos acabar logo com isso, pelo Amor de Deus!”. É aí que resolvo dizer a ela que não sei brincar; e digo. Vem a resposta imediata “Mãe tu brinca tri bem de boneca!” e aqueles olhos vibrantes, felizes afirmam que sou ótima no ofício. Então, suspiro, me posiciono melhor no chão do quarto, tentando me entregar mais.

Neste exato momento, percebo que a questão não é saber ou não brincar de boneca. Eu acho chato brincar com elas. Bonecas não me dizem nada. Não me inspiram. Não me tocam. Não falam, não beijam, não abraçam, não sentem. Mas o que faço? Digo que acho chato? Ou vou além dos meus conceitos? Afinal, é bem possível que elas sirvam como ponte para acessar a imaginação infantil, tão fértil, sem limites, aberta, e, no final das contas, me mostrar o quanto é fácil ser feliz. Felicidade feita de simples brincadeira e um bom abraço no final.

quinta-feira, setembro 24, 2009

Vestido de festa



Então cá estou eu
Com um presente na mão, feito pra mim, como vestido de festa
Mas tenho tanta vergonha de usar, porque a beleza pode mudar
Mudar uma vida, um sonho, curar uma ferida

Então cá estou eu
Menina de olho grande e no meio da testa uma interrogação
Como se usa este vestido lindo sem causar grande sensação?

Então venha cá que te digo, menina
Abre o zíper até o fim, sem medo de estragar
Joga os braços pra cima, assim
Enfia a peça no pescoço, puxa, estica, ajusta
Arruma a saia pra ficar bem rodada
Agora dá um passo pra trás e gira
Gira muito até fazer vento
Com um presente assim não é justo ficar sem dançar
Gira, sorri e te mostra
Que o momento é pra arrebentar
Pois o vento da tua saia se transforma em dança
A dança em verdade
E a verdade em teu presente

Sobra do prato

O meu mundo é o reverso do dele

Onde sou anjo, nele se vê demônio

Onde eu creio, ele só duvida

Quando aceito, ele recusa

Se eu duvido, ele me dá certeza

No meu mundo, após o almoço tem a sobremesa

No mundo dele não existe lógica, ele come primeiro o doce

E eu me confundo sem saber o que é certo ou errado

Me reviro, me pergunto, me arrombo

Perco o doce, sobra o amargo

E não me sobra nada no prato

quinta-feira, setembro 03, 2009

Sem falar



A gente fala demais. A boca solta o som antes do pensamento. Não consigo travá-la no momento. Mas eu tento. E quando travo, que contentamento!

sábado, agosto 29, 2009

Biblioteca interditada



Sou uma colecionadora de idéias sobre o que escrever. Ultimamente coleciono temas interessantíssimos, mas não escrevo nada. Absolutamente nada. A vontade vem, passa e a coleção aumenta. Minha cabeça é uma vasta estante cheia de títulos com capas vermelhas, letras estilizadas, páginas com bordas douradas e cheias de pó. Minha avó tinha vários livros assim, bonitos e sem uso.

E o que havia dentro de cada livro? Não sei, pois retirá-lo da prateleira era proibido, assim como parece impossível eu permitir o espaço para o que sinto aflorar. A biblioteca foi interditada. É censura sobre censura. Obra com cadeado. Pensamento sabotado. E assim não sei a quem recorro pra me ajudar a arrombar esta porta, limpar as cadeiras e mesas, abrir as cortinas, desnudar as estantes e libertar as palavras guardadas. É e necessário achar um jeito porque sentimento retido apodrece e sala onde não entra sol, tudo mofa. E não posso conviver com isto. Sou alérgica. Alérgica inclusive a produtos anti-mofo. Minha pele coça, meus olhos ardem e se não escancarar minhas idéias, alucino.

Não quero aumentar minha coleção. Quero que cada livro seja lido e após sua leitura dê espaço ao próximo. Quero idéias expostas, abertas, reticentes. Diretas ou indiretas, tanto faz. Mas que tenham a virtude de me abrir o coração. Quero um livro independente da cor de sua capa, do tipo ou tamanho de fonte, que me venha com a palavra exata, sem mofo.

Mas parece, agora, que arrebentei o cadeado e arrombei a porta. Vejo que os móveis ainda estão sujos, mas com delicadeza e paciência limpo tudo. A biblioteca está aberta. É só entrar.

sábado, agosto 15, 2009

No momento em que somos pegos pela cabeça perdemos o instante mutante.

segunda-feira, agosto 10, 2009

Solavanco

Quanto mais me pego, mais me puxo

Quanto mais me cego, mais me levo

A acreditar que aquilo que nego não existe

Sendo assim pra que pegar, puxar, enlouquecer?

Seria mais fácil simplesmente dormir e amanhecer

E se?


E se de repente não der?

Pra sair de férias

Pra escapar da gripe

Da prova

E se não for possível fazer o planejado?

Meu filho

A viagem

Viver até os 90

E se não acontecer?

Minha mudança

De morar em Salvador

Meu outro filho

Envelhecer

E se não viver o agora?

Me preocupo com o futuro

Fico em cima do muro

Me frustro

Só me seguro no tempo que demora

quarta-feira, junho 17, 2009

Pagar pra ver


Hoje é dia de pagar o condomínio, a luz, a faxineira, o colégio das crianças. Sempre, nesta data, tento lembrar quando comecei a pagar contas, mas nunca lembro. Hoje a lembrança se revelou: foi para me relacionar com os homens.

O primeiro, quando eu tinha 14 anos, era um bom pretendente, que me convidou para ir a uma festa, mas com uma condição: que eu pagasse o convite. Eu, como tinha diante dos meus olhos uma mina de ouro, o belas-pernas do colégio, não pensei duas vezes. Paguei pra namorar.

Aos 16 encontrei um metaleiro que me enlouqueceu. Me chamava de Madonna enquanto ele era o Ozzy. E pra que este encontro insólito acontecesse, eu matava as aulas de ginástica aeróbica e ia direto pra casa, quero dizer, pra cama dele. Aqui, era meu pai quem pagava a academia e, consequentemente, a transa!

Aos 21, reencontrei um amor de praia: o André. Fomos ao motel, nos beijamos, transamos e na hora de pagar a conta... ele meteu a mão no bolso e disse: - Não tenho grana. Paguei pra transar.

Em seguida veio o Sandro, olhos verdes, vendedor de material de construção, obviamente duro, que convidei pra sair. Paguei pra jantar e transar.

E, como se vive dando voltas no mundo, voltei pro belas-pernas – aquele que eu paguei pra namorar – e me casei. Casamento sem festa, sem ritual e, aparentemente, sem nada a pagar. Aparentemente. Porque quando nos juntamos, sem perceber, uma conta conjunta foi aberta. Conta comum na vida de casado: de prazeres, amores, medos, alegrias, desesperos, vida, raiva, emoções. Mas como éramos um casal e as dívidas foram contraídas em conjunto, desta vez, não paguei sozinha.

E agora eu estou aqui, sentada nesta mesa, fechando as contas mensais, olhando meu saldo bancário... e pensando em tudo o que gastei pra ter os caras no meu lado. Sinceramente, acho que minha grana foi bem investida, sabe. Aprendi a cuidar melhor do meu dinheiro, tenho casa própria, carro, bom emprego, viajo, curto a vida, conheço minhas preferências sexuais e fiquei mais bonita com o tempo. E ainda: casei de novo mesmo sabendo da inevitável conta conjunta. Mas com ele é diferente (não adianta, mulheres sempre têm esta ilusão) e eu vou pagar pra ver.

domingo, maio 24, 2009

Quando nos separamos

Quando nos separamos, leva um bom tempo para acontecer de verdade. Fisicamente é rápido. Emocionalmente é lento. Ainda mais quando se tem filhos em comum.

Minha filha de 6 anos ligou para desmarcar um passeio e disse que gostaria de dormir na casa do pai. Por mim, ok. Mais tarde levo algumas coisas para ti – disse a ela. Fui até lá, entreguei sua mochila a ela e ao pai. Fui atendida na porta por sua madrasta. Minha pequena veio me receber com uma cara satisfeita, em paz, feliz. E olhei aquela parte de sua família com olhos novos. Me senti aliviada. Em quatros anos de separação, confesso, foi a primeira vez que reconheci – e respeitei verdadeiramente – o fato de que ali, naquela casa, ela tem um lar com todas as qualidades que possam ser associadas a tal palavra. De que não é só a mãe – prepotente – que lhe oferece segurança, um colo, um calor que lhe suaviza a respiração e o coração.

Saí dali me sentindo inteira e aceitando o que é o amor incondicional por um filho. Não é necessário que eu mova mundos, lhe compre coisas, pare meu tempo e pense que só eu posso proporcionar o melhor. Ela tem o pai. Ela tem a madrasta. Ela tem uma família grande, muito grande. Família de pais separados.

Quando terminamos um casamento, leva um bom tempo para entender o risco de errar feio deixando um filho no meio da relação acabada (ou inacabada). Risco de usá-lo como meio para dar recados, disputar quem pode dar mais presentes, atenção, tempo. Risco de não reconhecer que ele pensa e percebe tudo a sua volta. Risco de achar que é uma extensão nossa e não reconhecê-lo como indivíduo. Pode levar mais tempo ainda para aprender a deixá-lo fora disto e incluí-lo de uma forma diferente na nossa nova vida, sem causar grandes danos ou traumas. Sim, digo grandes pois pequenos e médios existirão sempre e serão passíveis de terapia no futuro.

Hoje compreendi – não intelectualmente, mas emocionalmente – que separação quando consumada interiormente promove uma imensa paz. Paz em olhar minha filha e ver que sua alegria transpassa as fronteiras imaginárias que traçamos quando nos separamos. Paz em compreender que não há mais fronteiras. Elas não são necessárias.

sábado, maio 16, 2009

Porta-malas


Hoje constatei que o porta-malas do meu carro é a manifestação do meu estado interior. De como ando me sentindo... E não adianta. Não consigo andar com ele vazio. Por mais que eu deseje isso, não consigo. E isso tem me intrigado.

Eu olho aquele compartimento enorme, cheio de coisas atulhadas, fazendo peso, roupas para costureira, sapatos pra mandar ao sapateiro, uma webcam pra instalar no notebook, semanas e mais semanas andando comigo e fico mal. Que capacidade que tenho de deixar coisas paradas em um canto, sem uso ou um fim! (Ou um começo!)
Já tentei tirar tudo que tenho lá dentro, mas a limpeza não dura um dia e já enfio outra tralha no lugar. Aí é que vem a tal da manifestação de que falei no início deste texto: eu ando cheia e preciso do vazio, da minha cabeça limpa, do corpo leve, das emoções soltas. Preciso tirar do meu porta-malas a seriedade com que olho pra tudo. A preocupação com o que vem depois e uma culpa sei lá do que gravada no meu cérebro.

Eu percebo, em mim, que os espaços vazios são difíceis de acontecer. Acordo, tomo banho, café, filha, colégio, trabalho, casa, almoço, relacionamento, exercício físico, janta, cama. Cada coisa parece representar um objeto jogado lá dentro. E quando me dou conta o tal do porta-malas nem sequer fecha mais! Aí começo a ocupar o banco traseiro do carro. Sim, porque ali ainda cabe a ligação que eu devo retornar a uma amiga, o dinheiro que nunca parece o suficiente, o negócio que não fechei, um prazo que não cumpri, a culpa por comprar uma roupa que não precisava – afinal de contas ainda tenho aquela para mandar a costureira. E assim acabo não enxergando mais o vidro traseiro do carro pelo espelho retrovisor. Não dá. Não há espaço.
Mas eu tomei uma decisão: prometo que vou tentar não carregar nada além do necessário para ir e vir, livre. Vou trocar meu carro por uma moto.

terça-feira, abril 21, 2009

É estranho mas é o que sinto


Eu tenho uma amiga que se chama Jussara. Ela tem câncer. Ela tem vida. Ela tem uma energia enorme, acabou de fazer sua terceira cirurgia e hoje fui vê-la no hospital. Quando cheguei dei um beijo gostoso nela e sentei do seu lado. Senti o morno de suas bochechas e seus cabelos eram como um escorregador por onde meus dedos deslizavam. Lisos, sem nós, limpos. Exatamente como a percebo. Estar ali foi um dos melhores momentos da minha vida nos últimos dias. Deu-me calor, me encheu de amor, me deu prazer.

Parece estranho dizer isso quando falo de uma amiga que está tratando de uma doença silenciosa e rápida? De uma doença que não quer dar trégua pra ela? Parece e é. Mas o mais louco é sentir, no meio disto tudo, que ela nunca esteve tão viva, tão presente, tão lúcida. E que sua lucidez e presença potencializam em mim a vontade – e necessidade – de ser criativa, de escrever, de me expressar sem medo. Mas e será que ela tem medo? Acho que tem. Mas não a paralisa. O medo a move. O amor a move. Seus filhos a movem.

Hoje, no quarto 469, do hospital Moinhos de Vento estranhamente me senti num encontro de amigas, previamente marcado, onde conversas rolaram, olhares se marcaram e a vida pareceu mais colorida. Como em teu sonho, Ju. Eu vi tuas flores amarelas, a entrada do viaduto, a ausência da tua calcinha e o quarto vermelho.

Pra mim o amarelo é uma fenda, uma abertura, pra algo novo. Quem sabe um sol. A entrada do viaduto pode ser um caminho com voltas, às vezes meio fechado, mas que invariavelmente quase toca o céu. Por onde se desce com os vidros do carro abertos, pra que o cabelo voe e a brisa provoque um arrepio. A falta de uma calcinha? Penso que é a liberdade que a gente tanto quer, de não se preocupar com nada e andar por aí aproveitando a vida. E o quarto vermelho é explosão, loucura, delírio, morfina. Pode ser uma dor velha que volta e te expõe à ferida, pode ser o sangue todo que tu recebeste dos teus amigos... Pode ser o amor das tuas irmãs, da tua mãe, do teu irmão, da cunhada, da sobrinha, do sobrinho, do Alemão, da Giulia, do Gabi, do Tiago, do Mateus e aaahhhhh!!!!!!!!!!!!! De todo mundo que te ama. E é gente pra caralho!

Eu tenho uma amiga que se chama Jussara. Ela tem câncer. É veterinária. É mãe, mulher, bonita. Ela tem um pedacinho de fígado. Ela é guerreira, mas prefere assumir que é frágil e que precisa de carinho. Ela tem mais vida em suas veias do que qualquer um de nós.

segunda-feira, abril 20, 2009

Ela tem medo de cortar o cabelo (para Nádia)

Se alguém da mole, ela vai
Se não da ela vai também
Não tem freio pra sacanagem
Não tem medo, não tem idade

É intensa e mete medo
Mete o dedo e quer mais
Não adianta dar uma, tem que ser seis

No ocidente, no oriente, vai em frente
Olha, come, devora, se delicia
Não fala com coração pra não atrapalhar
Não tem medo da carne, nem do escuro

Mas quando fala em amor, ergue um muro!
Ela tem medo de cortar o cabelo.

domingo, abril 05, 2009

Caminho

Caminho quero, caminho faço
Se não me enxergo eu me desfaço
Não tenho medo da condição, da forma
E da aparição

Junto fome com o começo
Jogo pro alto o que esqueço
Não sei se creio ou se receio
Mas sei o que sinto como recheio

Caminho quero, caminho faço
Eu me despeço e me descasco
Junto fome com meus tropeços
Eu esqueço

quinta-feira, abril 02, 2009

Do que eu preciso


Eu preciso de tempo
Pra me acostumar
Pra me olhar
Pra tomar um café
Pra olhar pro pé
Pra deitar na rede
Pra matar minha sede
Pra ignorar
Pra idolatrar
Pra cantar, dançar e me embaralhar
Pra só olhar

quarta-feira, abril 01, 2009

Sair correndo

Dia desses decidi que ia correr. Comecei um treino lento, sem muito esforço, pra fazer da corrida um hábito saudável. Saúde pro corpo, pra cabeça e pro espírito.
Quem nunca teve vontade de sair correndo? Correr de um trabalho, do chefe, do casamento, do pai, da mãe, dos filhos, sair correndo de um amigo e, principalmente, da gente mesmo?
Agora to com muita vontade de correr do trabalho chato, da obrigação, do dever. E penso se há alguém realmente que ama aquilo que faz. Que se realiza com seu trabalho. Acho isso um clichê – Se realizar no trabalho. Ou melhor, tenho inveja de quem tem essa possibilidade. Será que quem vive assim, corre de alguma coisa?
Eu, sinceramente, ainda sonho com um trabalho em que me realize, me encha de tesão. E, ao mesmo tempo, saio correndo de quem vem com esse papo pra perto de mim. Aliás, saio correndo agora e não vai ser devagar! Vai ser com muito esforço. Nada de treinamento para iniciantes. Mas se eu correr e não chegar a lugar nenhum? Pode acontecer. Além disso, posso correr com minhas pernas, mas a cabeça vem junto. Não dá pra correr dela (ou sem ela)! Mas também se não posso correr sem ela posso fazer o seguinte: correr pra dentro de mim, rápido, intensamente até cansar e chegar à exaustão. Aí cruzo alguma linha de chegada imaginária, traçada por um pensamento qualquer e me entrego ao chão, leve, sorridente e presente. Quem sabe assim essa vontade de sair correndo acabe. Então decido: hoje meu treino vai ser duro e não vou me dar mole.

Quem sou eu

Minha foto
Imbituba, SC, Brazil
Gosto da escrita e quebrei o cadeado da porta por onde passam minhas emoções e vontades. Procuro o novo nas coisas que se repetem no dia-a-dia e escrevendo percebo e vivo intensamente as descobertas. E tudo que escrevo me alivia, me faz rir, me arrepia.

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