sábado, agosto 29, 2009

Biblioteca interditada



Sou uma colecionadora de idéias sobre o que escrever. Ultimamente coleciono temas interessantíssimos, mas não escrevo nada. Absolutamente nada. A vontade vem, passa e a coleção aumenta. Minha cabeça é uma vasta estante cheia de títulos com capas vermelhas, letras estilizadas, páginas com bordas douradas e cheias de pó. Minha avó tinha vários livros assim, bonitos e sem uso.

E o que havia dentro de cada livro? Não sei, pois retirá-lo da prateleira era proibido, assim como parece impossível eu permitir o espaço para o que sinto aflorar. A biblioteca foi interditada. É censura sobre censura. Obra com cadeado. Pensamento sabotado. E assim não sei a quem recorro pra me ajudar a arrombar esta porta, limpar as cadeiras e mesas, abrir as cortinas, desnudar as estantes e libertar as palavras guardadas. É e necessário achar um jeito porque sentimento retido apodrece e sala onde não entra sol, tudo mofa. E não posso conviver com isto. Sou alérgica. Alérgica inclusive a produtos anti-mofo. Minha pele coça, meus olhos ardem e se não escancarar minhas idéias, alucino.

Não quero aumentar minha coleção. Quero que cada livro seja lido e após sua leitura dê espaço ao próximo. Quero idéias expostas, abertas, reticentes. Diretas ou indiretas, tanto faz. Mas que tenham a virtude de me abrir o coração. Quero um livro independente da cor de sua capa, do tipo ou tamanho de fonte, que me venha com a palavra exata, sem mofo.

Mas parece, agora, que arrebentei o cadeado e arrombei a porta. Vejo que os móveis ainda estão sujos, mas com delicadeza e paciência limpo tudo. A biblioteca está aberta. É só entrar.

sábado, agosto 15, 2009

No momento em que somos pegos pela cabeça perdemos o instante mutante.

segunda-feira, agosto 10, 2009

Solavanco

Quanto mais me pego, mais me puxo

Quanto mais me cego, mais me levo

A acreditar que aquilo que nego não existe

Sendo assim pra que pegar, puxar, enlouquecer?

Seria mais fácil simplesmente dormir e amanhecer

E se?


E se de repente não der?

Pra sair de férias

Pra escapar da gripe

Da prova

E se não for possível fazer o planejado?

Meu filho

A viagem

Viver até os 90

E se não acontecer?

Minha mudança

De morar em Salvador

Meu outro filho

Envelhecer

E se não viver o agora?

Me preocupo com o futuro

Fico em cima do muro

Me frustro

Só me seguro no tempo que demora

Quem sou eu

Minha foto
Imbituba, SC, Brazil
Gosto da escrita e quebrei o cadeado da porta por onde passam minhas emoções e vontades. Procuro o novo nas coisas que se repetem no dia-a-dia e escrevendo percebo e vivo intensamente as descobertas. E tudo que escrevo me alivia, me faz rir, me arrepia.

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