terça-feira, outubro 28, 2014

Na extremidade há uma tinta que mancha a folha. Caneta. Na base uma tela branca permeada de linhas horizontais. Folha. Entre ambos, coração, mente, mãos e pés. Eu. Da mistura de tudo nasce a palavra e da palavra outra palavra. Frase. De muitas frases vem uma forma. Ou várias. Ou forma alguma. Porque quem gosta de dar forma às coisas, enquadrar sentimentos e emoções é a mente. Mas com ela também escreve o coração. E sabe-se então que não há forma ou conteúdo pro que se sente no peito. Existe sim, uma vontade permanente de compartilhar algo de dentro, sem palavras, sem nome, sem endereço. A mão direita entra em ação. Movimenta-se rápida, de modo constante e sem pausa. Ela tem pressa em colocar na folha o que vem da mente coração. Ela deseja espalhar na tela branca uma tinta permanente e anseia imprimir ali um significado pra tudo. A mão esquerda, condescendente, observa. Os pés cruzados sob a mesa permanecem imóveis, pois dali não necessitam sair. Eles não precisam de movimento. Os pés silenciam. E subitamente, a partir deles, o silencio cresce e tudo desaparece.

quarta-feira, fevereiro 12, 2014

Espelho

Parada em frente ao espelho, redondo como a Terra, percebo que ando somente em meio as suas bordas. Esse andar entre bordas me aprisiona, me entristece, me desespera. Então, por um momento, dou um passo pra trás e percebo a parede que suporta o espelho e todas as coisas que o circundam e nele se refletem. O mundo é vasto e as possibilidades também. 

Não preciso quebrar o espelho quando nele vejo o que não gosto em mim.  Mas posso entender de vez que a vastidão percebida além dele é minha também. 

Quem sou eu

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Imbituba, SC, Brazil
Gosto da escrita e quebrei o cadeado da porta por onde passam minhas emoções e vontades. Procuro o novo nas coisas que se repetem no dia-a-dia e escrevendo percebo e vivo intensamente as descobertas. E tudo que escrevo me alivia, me faz rir, me arrepia.

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