domingo, outubro 11, 2009

Não sei brincar com bonecas



Nunca soube brincar de boneca. Sempre preferi outras brincadeiras a colocá-las no meio do meu dia. Brincava de ser professora, secretária, de pega-pega, empurrar pneu velho no pátio do colégio, de carrinho ou andar de balanço. Qualquer coisa mais legal do que travar diálogos e encenar com Suzies – pois Barbies não são figuras da minha infância.

Mas agora eu tenho um conflito. Não muito grande, mas significativo. Minha filha me convida para brincar de Barbie. Ela tem sete anos, vinte bonequinhas e um repertório fantástico de encenações com poderosa carga dramática. Material suficiente para gerar muitas horas de brincadeira. Penso que preciso experimentar a viagem e tento entrar no clima. Em instantes, temos o mini-cenário pronto e os papéis definidos: eu sou filha e ela, a mãe. Começo a brincar e minha mente, imediatamente, dispara críticas - “Tu não sabe brincar disso, mesmo!”, “Tu é ruim nesse negócio, hein?!?”, “Ah! Vamos acabar logo com isso, pelo Amor de Deus!”. É aí que resolvo dizer a ela que não sei brincar; e digo. Vem a resposta imediata “Mãe tu brinca tri bem de boneca!” e aqueles olhos vibrantes, felizes afirmam que sou ótima no ofício. Então, suspiro, me posiciono melhor no chão do quarto, tentando me entregar mais.

Neste exato momento, percebo que a questão não é saber ou não brincar de boneca. Eu acho chato brincar com elas. Bonecas não me dizem nada. Não me inspiram. Não me tocam. Não falam, não beijam, não abraçam, não sentem. Mas o que faço? Digo que acho chato? Ou vou além dos meus conceitos? Afinal, é bem possível que elas sirvam como ponte para acessar a imaginação infantil, tão fértil, sem limites, aberta, e, no final das contas, me mostrar o quanto é fácil ser feliz. Felicidade feita de simples brincadeira e um bom abraço no final.

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Imbituba, SC, Brazil
Gosto da escrita e quebrei o cadeado da porta por onde passam minhas emoções e vontades. Procuro o novo nas coisas que se repetem no dia-a-dia e escrevendo percebo e vivo intensamente as descobertas. E tudo que escrevo me alivia, me faz rir, me arrepia.

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