domingo, junho 09, 2013

Cortando sonhos

Foco minha atenção em vasculhar minha vida financeira. E não por estar mal de grana. Mas, sim, por ansiar uma vida mais simples. Há três semanas iniciei um trabalho de planejamento para uma nova vida (faz mais tempo, porém agora a coisa está declarada). Digo que é duro encarar de frente o quanto ganho e o quanto gasto. No que gasto, como gasto. Com que consciência gasto.


Este trabalho mexe comigo mais do que poderia imaginar. Vai além do dinheiro, muito além. Hoje, abri minha planilha de custos e a primeira coisa que senti foi vontade de fecha-la correndo, mas me mantive firme no propósito de olhar para o que estava ali. Fiquei olhando, olhando e pensei: Não vou conseguir mudar isso! E foi aí que escorreguei pro lado, esqueci o foco do negocio e comecei a criar um layout mais bonito pro arquivo em excel. Afinal ele estava muito cru, simples, feio. Eu poderia deixa-lo mais bonito, amigável e outras distrações. Distrações? Sim, distrações! Eu vi, claramente, no exato instante em que acontecia como minha mente funciona quando eu sei que preciso olhar e resolver algo, mas tenho medo e jogo toda minha atenção para a periferia, para a superfície. Do cacete, mágico, lindo, tudo isso!

Pois, voltei ao foco. Alimentei a planilha com média mensal de custos de casa, beleza, filho, saúde, restaurante (o item mais agressor!), transporte, roupa, entretenimento, cartão de crédito e supermercado. Tudo. Projetei para os próximos 12 meses. Cortei vários Reais. Interessante é que há um tempo, quando pensava em cortar Reais, a sensação de cortar sonhos vinha como acompanhante – e o consumo é um sonho. Sonho de ser mais bonita, de andar com o melhor figurino, de andar com melhor carro e de comer em restaurantes caros porque são os melhores. Sonho de ser reconhecida pela minha lata. Que logo ali na frente enferrujará. Mas mesmo assim cortei os custos com uma gana do cão. Terminei meu tema de casa, observando a tal planilha e senti uma excitação e alegria as quais andavam me visitando pouco. Eu senti que acabava de fazer uma escolha diferente dos meus padrões. Senti o fogo queimando um monte de coisas velhas e que não me servem mais.

O centro desta questão não é a vida financeira, como disse antes. O centro é outro. É dentro mas tão grande que acerta em cheio tudo o que está fora de mim. E por esse momento, sinto que sou livre pra fazer qualquer escolha. Inclusive a de cortar os sonhos e viver a realidade.

2 comentários:

  1. Mãe, vc é uma poéta

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  2. A gente precisa de bem menos do acha que precisa. Bens materiais são tão efêmeros. Conseguem ficar depreciados ainda ali na vitrine (só esperar a liquidação).

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Quem sou eu

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Imbituba, SC, Brazil
Gosto da escrita e quebrei o cadeado da porta por onde passam minhas emoções e vontades. Procuro o novo nas coisas que se repetem no dia-a-dia e escrevendo percebo e vivo intensamente as descobertas. E tudo que escrevo me alivia, me faz rir, me arrepia.

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